22 de março de 2015

Middle-Earth: Shadow of Mordor - Descendo O Cacete na Terra-Média



A oitava geração chegou e junto com ela o meu PC, resolvi pegar um brutamontes estilo Rambo
e dispensei a ideia de um novo console.

Qualquer dia eu explico os motivos pra isso. Mas enfim, junto com o PC novo veio um amigo pirateiro e bingo, testamos o jogo, rodava lindamente bem e muito bem otimizado (se eu jogar algo no PC tentarei ajudar nesse aspecto de otimização), mas enfim, vamos nós pra abordar mais um jogo do qual eu nem sequer sabia da existência até pouco tempo.

Tudo começou quando comprei a versão pirata do 360 e vi que tinha algo errado. O que seria?

Em resumo, o jogo não suporta a quantidade de informação e de 30 FPS o jogo cai pra uns 15 ou até menos do nada e o que acontece? Muitas cenas pulam, se a tela encher de inimigo (coisa fácil de acontecer) você não consegue contra-atacar, no PS3 há relatos do jogo literalmente travar o console ao simples sair do menu e por aí vai.

E você me pergunta: "Juninho, por que fizeram essa bosta de versão então?"

Minha resposta é:


Ao certo eu não sei mas é provavelmente pra te "forçar" a ver que precisa de um console novo. Uma tremenda covardia com o consumidor que paga caro no jogo em pré-venda. Não sei se atualizaram depois mas o que me irrita é que poderiam ter lançado uma versão com gráfico pior e mais estável na hora de jogar (coisa comum em jogos lançados em duas gerações) ou simplesmente não lançar a porra do jogo.

Mas agora vamos falar da parte boa, a ruim é tão ruim que sequer me motivei a tentar jogar principalmente com a ´versão boa em mãos.


Uma "história" pra lá de sem sal

Shadow of Mordor é pertencente ao universo de The Lord of the Rings ou Senhor dos Anéis se você for brazuca demais, e ele tem um potencial de enredo muito bom mas simplesmente não o usa totalmente.

Verdade seja dita, LOTR é bom mas não é nada original, a grande graça é o modo de como a história é contada através de longos filmes de 3 horas de duração mas não existe originalidade alguma ali, e no jogo dá pra sentir isso com muita clareza.

"Não se preocupe meu amor, o Juninho vai falar bem da gente"

Basicamente, temos Talion, personagem que no começo já está treinando seu filho pra ensinar o jogador o tutorial básico de como a porra toda funciona, mas logo de cara vemos a sua mulher e seu filho morrerem em sua frente e nosso protagonista morre.

Ou melhor "morre". Em suma, seu personagem fica amaldiçoado preso entre a realidade dos vivos e mortos com o espírito de um elfo, mas nada mais é do que uma desculpa pra ser um jogo de mundo aberto do qual nunca morremos definitivamente. Funciona bem, acreditem.

Porém, a curta campanha de 10 horas vai sendo contada durante a jogatina e simplesmente não empolga muito, se você já viu ou leu qualquer coisa medieval, dá pra chutar boa parte dos eventos que acontecerão e o pior é que eles acontecem da exata forma que você pensou. Com o decorrer, algumas coisas melhoram consideravelmente mas nada surpreendente e temos uma batalha final que dura SEGUNDOS (literalmente) com base em Quick Time Events (blergh) e digo mais.

Eu te benzo, eu te curo...

As reviravoltas não são surpreendentes, a gente olha e "ah... beleza". É como se o jogo fosse tão focado em sua brilhantíssima (e copiada) mecânica que a história simplesmente não acompanha o nível de fodeza de todo o resto do jogo. E ela sendo previsível torna tudo ainda pouco motivador nesse aspecto. Somente nesse. Porque independente da história que seria algo como uma coxinha fria sem catupiry, o jogo ainda é fantástico mas o motivo disso ta logo abaixo.

Só pra constar, sim, é de fato um meio de vender a marca Senhor dos Anéis junto com o filme do Hobbit, porém não é um caça-níquel.

Nada de novo, algumas cópias e originalidade

Sim,  não estou ficando louco. É isso mesmo que viu acima.

Bom, vamos por partes, como funciona o sistema? O jogo te dá uma árvore de evolução da qual você vai desbloqueando habilidades conforme as que você já tem ou as que a campanha apresenta pra você de graça (praticamente tutorais dentro do jogo com missões)  e com isso você escolhe como Talion vai evoluir, e com isso várias habilidades são apresentadas como explosão espectral, flecha com chamas, execuções, saltar sobre inimigos causando stun e por aí vai, a lista é imensa.

Vocês jogaram Batman Arkham Asylum ou City? Pois bem, quando batemos em um inimigo, estando cercado deles, basta apontar o direcional e usar o botão de bater, criar aquele chain combo, ou simplesmente apertar o botão na hora certa pra contra-atacar. Nesse ponto é literalmente idêntico! Totalmente idêntico eu diria.

"Passa negão, passa neguinha, quero ver você passar por debaixo da espadinha"

Porém usando armas como espadas e adagas, lembrando Assassin's Creed, com direito à ataques e finalizações usando furtividade e tudo mais que a série costuma oferecer. Porém dentro de um mundo aberto do qual andamos a pé (ou em caragors) no maior estilo sandbox de GTA e derivados. A mistura de tudo isso parece uma colagem mas aí que entra o ponto: o modo de como o jogo usa isso.

Ele não tem um período, tudo é usado simultaneamente de maneira sutil, apesar de notavelmente pegar partes mecânicas de outros jogos, ME:SoM usa tudo de uma maneira muito única, apresentando algumas pequenas novidades dentro de cada um desses pontos. Mas sem dúvidas a coisa mais assustadoramente funcional é a sua grande novidade, o seu trunfo, o seu Exódia: O NEMESIS SYSTEM!

Você provavelmente está se perguntando o que diabos é isso. É o sistema do qual vários orcs vivem em hierarquia, quando eles te vencem, eles também evoluem, mas eles não tem habilidades como o nosso personagem, então ele ganha cargos dentro do exército e fica mais forte, virando capitão, warchief e por aí vai.



E tudo até começa meio fácil demais PORÉM os novos orcs vão aparecendo, os berserks que não aceitam golpes diretos e precisam ser atordoados, os que usam lança, os arqueiros e por aí vai, essa variedade conforme aumenta e eles te matam (coisa que vai acontecer muito), eles simplesmente ganham um cargo maior e ver aquele tipo de orc que te encheu o saco ganhando uma promoção pra virar um capitão é super divertido pois aumenta o desafio do jogo com o passar do tempo, seja na variedade ou pelo fato de serem chefes. E mesmo sem perder pra eles, constantemente haverá duelos entre eles e eles vão subir de cargo sozinhos, nunca que o seu jogo ficará igual daquele seu amigo.

O problema é que serem chefes não os torna desafiadores como deveriam, eles só tem uma life bar 3x ou 4x maior que o normal, contudo eles ganham vantagens ou desvantagens, porém descobrir elas pode muitas vezes tirar a pouca graça que esses combates tem.

O único chefe que vi graça em enfrentar foi um na exata metade do game, não vai ser difícil saber de quem me refiro.

É mais divertido se aventurar em hordas de sei lá, 20 ou 30 orcs sozinho do que enfrentar um chefe. E em alguns casos, os Warchiefs vem com 2 capitães pra que aí sim, tenha algum desafio mas são partes pequenas, o desafio do jogo mora nas coisas mais simples, tipo fazer side-missions ou caçadas ou simplesmente sair por aí exterminando grupos inteiros de orcs. Se querem uma sugestão, invadam pequenas bases onde sempre tem um dos caras pra dar sinal de invasão e aí vem MUITOS orcs, são nesses pontos onde eu mais brincava com o sistema e ficava ali muuuiuto tempo simplesmente esquivando, batendo, contra-atacando e usando tudo que o sistema tinha a oferecer.


Até porque se não usar, a sua chance de apanhar é bem grande. O jogo vai te "forçar" a usar tudo, mas eu digo no contexto positivo, ele não tira a sua liberdade de usar o que bem entende mas haverão situações das quais a melhor ferramenta é o domínio de cada técnica adquirida.

Sem falar que ao vencer um capitão/warchief do jogo, você ganha habilidades extras pra equipar em sua adaga, arco e espada, e com side-quests adquire os pontos necessários pra abrir mais slots e usar no máximo 5 habilidades extras em cada uma de suas 3 armas.

Então, como deu pra ver, o jogo é fantástico e aborda vários elementos de gameplay num só, uma mistura de várias coisas simples usadas sem maiores complicações deixaram o jogo relativamente complexo de ser dominado pela variedade e principalmente pelas possibilidades que o próprio jogador pode moldar.

Outra bola fora do sistema em geral é que os orcs em alguns pontos tem a inteligência artificial muito baixa, por exemplo, quando usamos furtividade e execução com ela, a menos que o inimigo tenha literalmente levantado a arma, o jogo computa como se ele tivesse indefeso e com isso dá pra aproveitar desse tipo de falha em várias formas, mas acreditem, ainda assim o sistema brilha e brilha muito.

Aliás, é um jogo bem polido viu, quase não vi bugs mas o que eu vi, fiz questão de registrar. Um cara sem cabeça falar é simplesmente hilário.

Ambientação, músicas e um passeio em Mordor mais que gratificante

Mordor foi relatada de uma maneira simplesmente soberba.


Tudo remete à o que já tínhamos noção de acordo com os filmes e tudo está nos conformes, lugares de maneira abandonados, fogueiras espalhadas, um lugar sujo e com tom macabro e apesar de ser ridiculamente genérico eu gostei pra cacete de toda e completa ambientação de Mordor.

Andar por lá é se sentir lá, a músicas, o ambiente em si, causam uma boa imersão e uma excelente sensação de "estar lá" com facilidade tremenda.

As músicas também, seguindo o padrão épico dos filmes na medida certa pra não ser chato pra um jogo de ação, lógico que houve algumas alterações pra não ser literalmente músicas que seriam de filmes, são músicas de jogos e com bastante ação em alguns pontos. Eu simplesmente adorei a trilha do jogo.

Sim, a OST do jogo INTEIRA é muito boa, tire como base a música de menu. Não esquecendo que o jogo foi localizado em nosso idioma e legendaram o jogo quase muito bem (tem alguns erros bobos porém toleráveis) e uma dublagem muitíssimo boa. Mas tão boa que eu até assustei. Normalmente eu jogo em PT-BR se a dublagem for pelo menos aceitável mas não, ela não é aceitável, ela é simplesmente ótima.

Exceto por alguns Uruks/Orcs aqui e ali, a dublagem como um todo é tão boa e tão bem escolhida que até me assustei.


E bom, vocês me conhecem, sabem que não sou um alienado por gráficos mas não dá pra dizer que não está impressionante na versão PC, eu tive a chance de jogar no PS4 antes e vi pouco (sim, pouco) daquela famosa textura brilhante excessiva que vimos em milhões de jogos por aí na geração passada, mas ao jogar no PC tudo caiu e vi texturas bonitas, bem feitas e numa resolução muito alta à ponto de vermos os mínimos detalhes. Entre eles o mais surpreendente o da chuva, que em alguns casos bate na pedra e vimos claramente a água escorrendo, efeitos como de chamas e explosões e etc. Tudo absurdamente lindo!

Conseguiram fazer um trabalho tão surpreendente e nas cenas vimos muitos efeitos que mostram o detalhamento das texturas em vários ângulos e aspectos. Simplesmente embasbacante.

E olha que nem joguei no Ultra, tive azar da minha GTX760 não rodar ele no máximo à 60 FPS, eu preferi baixar pro High (PS4 e One tem texturas de nível médio se comparada à versão PC) e desfrutar de tudo que eu vi e é simplesmente de arrepiar.


Vale à pena decapitar tudo que se move na Terra-Média?

Sim, vale muito. Vale pra caralho. Um jogo lindíssimo, rico de detalhes nos cenários e com um puta sistema, apesar da campanha relativamente curta e sem nenhum tipo de empolgação no seus momentos finais, vale sem pensar duas vezes.

Apesar da falta daquele clímax empolgante, a história em si já não tava me empolgando mesmo e quando ela começou a me encher o saco, ela foi lá e acabou.

Que Sauron seja louvado por isso.


E não posso me esquecer da batalha final totalmente sem graça que dura segundos. Sério, o que foi aquilo?

Mas ainda vale MUITO à pena porque o jogo tem uma tonelada de conteúdo extra, dois mapas medianos porém entupidos de informações sobre aquele mundo encontrada em artefatos, um puta sistema que você pode pegar tudo pra se divertir ainda mais com as possibilidades, o sistema Nemesis que é brilhante, as runas equipáveis nas armas e principalmente por ser um jogo que somando tudo dura mais de 50 horas de duração e isso sem necessidade de nenhum DLC, e numa geração onde pegar tudo não dura 20 pra 30 horas, isso é quase um milagre. E principalmente lembrando que apesar do sistema ser repetitivo, eles conseguiram criar toda uma estrutura pra que a diversão do jogo passe por cima desse fator usando todas as suas gigantes possibilidades.

É um jogo incrível, óbvio que não perfeito, mas altamente recomendado pra você que tem um PC, PS4 ou Xbox One. É um jogo caprichadíssimo na geração atual que infelizmente sofreu pra caralho na versão "antiga" ao ponto de ser quase injogável, nesse caso eu recomendo que você gaste seu dinheiro com outra coisa, mas se puder jogar na nova geração, vale praticamente qualquer preço.

Decapitar inimigos é boa parte da graça.

Se não tiver acesso à nova, fique na antiga e vá jogar Batman Arkham Asylum ou City que é quase a mesma coisa.

Falando em Arkham City, eu ainda não o joguei. Droga, que sacrilégio. Preciso corrigir isso.

2 comentários:

Flaviometal disse...

Excelente texto. E o jogo é tudo isso e mais um pouco mesmo...

sekto disse...

Nunca vi review desse jogo que me desestimulasse a jogar esse game. Já tava pensando que era a primeira vez haha
Mas pelo que vi o jogo é bonito e compensa muito. O que falta em história a gente completa com a parte de matar os orcs, que ouvi falar que é maravilhoso.
Esperando entrar dinheiro pra eu poder comprar ;)