16 de abril de 2015

Devil May Cry 4 vs DmC: Devil May Cry


Recentemente descobrimos que a Capcom teve a brilhante ideia de remasterizar DmC e DMC4 de uma só vez numa inteligente tática.

Ela vai ver qual vende mais e dar sequência na franquia à partir das maiores vendas. Óbvio. Com isso, DmC ganhou uma Definitive Edition que vendeu mal enquanto as expectativas do Special Edition do 4 continuam lá em cima.

Primeiro de tudo, vou falar o que eu acho disso. Uma putaria do cacete!

São dois jogos muito bonitos ainda hoje porém o DMC4 além de ter mais justificativa, ele vem com 3 personagens adicionais jogáveis e agora teremos Nero, Dante, Trish, Lady e Vergil, enquanto DmC só vem com a DLC do Vergil e nem te deixa jogar a campanha principal com ele, ele e Dante tem campanhas separadas.

Então temos um DmC Definitive Edition nos consoles atuais rodando a 60FPS e 1080p, porém é um mero port do PC com meia dúzia de coisa à mais, enquanto DMC4 já rodava à 60FPS porém agora em 1080p com um puta arsenal de novidades.

A verdade é que a experiência de quem jogou DmC não vai mudar quase nada e de quebra é um jogo super recente, mal tem 2 anos e já vai sair uma remasterização... Pera lá né Capcom, DMC4 por mais caça-níquel que seja, ao menos tem boas coisas e temos um espaço de 7 anos pra isso. Ainda preferiria que tudo isso fosse um patch mesmo que pago mas a verdade é que o segundo jogo em questão tem mais justificativa.

Então, assim como eu fiz com o DMC3, eu farei nesse post o mesmo com DMC4.

Com isso, vamos  pro tópico comparativo entre um clássico e o reboot, spin-off ou qualquer bobagem que DmC seja.

Pretensão e seus níveis de intensidade


Pretensão é a palavra chave pra DMC4 e DmC, são enredos bem ruins que se levam bem a sério.

Mas.... Não. Eles não são do mesmo nível de ruindade (existe essa palavra?). DMC4 conta a jornada de Nero, um cara que viu o seu sacerdote favorito morrer nas mãos de Dante e sai em busca dele pra descobrir porque fez tudo aquilo sem a menor piedade, afinal bater em velhinhos é coisa de covarde. Atirar na cabeça deles então, nem se fala.

Com isso, Nero é um cara que tem uma espada que sofreu acidente e durante a cirurgia  botaram partes  de moto nela, deixa ela mais ou menos assim.

Sério, não dá pra levar essa espada a sério. Mas é bem "isso". Nero é um cara que só tem uma história do meio em diante, ninguém sabe sua origem, existem milhões de teorias à seu respeito sobre ser filho de Vergil ou qualquer bobagem similar que qualquer pessoa com juízo não se importa.

DMC4 é pretensioso mas só quando se trata de Nero, no restante ele é até bem humorado,enquanto DmC tem piadas de banheiro, é absurdamente pretensioso, se leva a sério demais e ainda fica querendo pagar de profundo abusando de sons, closes na cara do Dante, e demais bobagens no enredo que uma pessoa com pouco mais de juízo ignoraria ou ficaria puto por absurdo nível de pretensão.

O que eu acho estranho, é que no DmC chegaram a inverter as coisas, Vergil sempre foi o cara que é talentoso e o Dante é o esforçado, um típico clichê japonês de shounen (Goku e Vegeta, Naruto e Sasuke, etc) e no DmC apelaram pro oposto, do protagonista comedor que evolui com a FORÇA DO BEM e o cara malvado que é um sujeito baixo e mesquinho tipo o novo Vergil mostrando que o mal vem de baixo e das profundezas da amargura, do egoísmo e etc. É bobo. É infantil. E eles tentam soar maduros mas cada vez se soam mais bobos.

Nero vs Donte

Who the fuck is this... Guy?

Nero como eu disse acima, é parte da pretensão de DMC4, o cara é mais vazio que um saco de Ruffles e até levemente carismático. Mas não tem muita coisa surpreendente ou inovadora vindo dele. Ele é um típico personagem da Capcom onde o carisma é levemente pelo visual e mais nada.

Sério, o cara nem tem origem e mal tem fim. Não há muita coisa explicando sobre ele e que te faça gostar mais ou menos dele. Por sorte... Ele bate bem legal.

Nero tenta ter drama, tem boa parte da pretensão de DMC4 centralizada nele, tem um braço ridículo de roubado e uma espada motoca. Mas...

Ele ainda bate bem legal mesmo. Mas bater por bater o Dante novo também bate legal.

E só. Porque visualmente tosco ele já é. Além do mais, ele é só um babaca que xinga todos sem muita razão, é um grosseiro típico babaca que finge de badass. Lembrando quem? Lightining.

Qualquer coisa que lembre a Lightning é automaticamente ruim e perde todos os possíveis pontos positivos de imediato. Sem mais meritíssimo. E sem choro também.

Não precisa rir, eu to falando sério. 

Ambientes ambientáveis



Bom, DMC4 é aquela coisa meio religiosa, apelando pra catedrais e etc na maior parte do tempo.

Não sei pra vocês, mas eu acho meio chatinho esse tipo de ambiente. Normalmente eles apelam pros clichês religiosos do padre do mal, laboratório secreto com experimentos feitos em nome de deus ou então com a fachada de ser pra deus mas no fundo era pra um capiroto disfarçadinho e...

...meh. 

Se tem um mérito que DmC merece é pela ambientação. É sem dúvidas o ponto mais forte de todo o jogo (o que é um problema e já já vou chegar lá), cenários tentando te matar, prendendo Dante e tudo mais.

Cara, sério. Eu fico triste de ver uma ideia tão boa quanto esse num jogo que muito mal sai da média. Seja lá quem teve essa ideia, ela é genial.

Não a parte do limbo em si, e sim do contexto visual dos cenários. É simplesmente muito foda. Eu não animei de jogar DmC por uns tempos mas quando vi essa ambientação até pensei duas vezes em dar uma chance. Puta que pariui!

Mas não vamos desconsiderar que a Ninja Theory focou TANTO no gráfico/ambientação que no PS3/360  o jogo roda a 30 FPS ao invés de 60 (PC/PS4 e One), lembrando que os hack'n'slashes desde o PS2 rodam a 60, então o ideal seria perder nem que fosse um pouquinho da estética pra focar no gameplay.

Som na caixa


Simplesmente, mais um ponto onde DmC vence.

Incrível ver esse jogo se destacando em algo. Porque basicamente, vou explicar meu ponto.

No post onde comparei DmC com o DMC3 eu disse que tem um empate técnico em termos musicais mas o 3 leva vantagem por serem músicas temáticas feitas pro jogo. Prova disso é que a música do Dante no Marvel vs Capcom 3 é justamente da sua cena mais épica.

Então aí entramos no mérito, DmC foi feito por uma banda de metal chamada Combchrist e por um grupo de dubstep chamado Noisia. Querendo ou não, sem um contato direto com o jogo, as músicas tendem a ficar deslocadas ou genéricas. No caso do DmC ficaram só genéricas mas as músicas são muitíssimo boas (pra mim que curto metal e dubstep), no caso do DMC4 as músicas são legais mas se repetem demais.

Elas são temáticas e combinam melhor, mas a execução da ideia em si, torna elas cansativas. As músicas do DmC são mais variadas e enjoam muito menos porque há um número de músicas muito maior a ser usado. 

No 3 tem uma variedade de músicas MUITO maior que do DmC, porque eles deram um passo pra trás no 4, eu não sei, sequer consigo imaginar.

A Arte da Pancadaria

Não gostou de mim? Cai dentro, senão eu choro!

Aháááááá! É aqui onde a diferença grita tão alto que poderíamos ouvir seus gritos do Acre.

Lembra quando eu falei acima que o DmC ter como melhor parte a ambientação era um problema. Então, acontece que em hack'n'slashes, o foco é sua mecânica e quando o visual é melhor que a mecânica, é sinal que há algo errado.

God of War que o diga.

Muita gente me interpreta bem errado, eu sempre disse que o DmC é mediano e parte desses motivos são seu gameplay absurdamente casualizado.

Agora vamos  por partes, não é um problema ser fácil. No DmC você tem várias armas exatamente igual ao DMC4, porém o uso delas é medonhamente overpower. Tudo no DmC tira dano demais e você não precisa se esforçar muito. Olhem a diferença.

Em ambos os jogos, se você tiver num combo de rank A e tomar uma porrada, ao invés de perder o combo completo como no DMC3, você vai perder um rank, ou seja, ele vai cair pra B.

Porém, no 4 você tem que voltar a bater IMEDIATAMENTE e tem no máximo 2 segundos pra isso. No DmC você pode cair, apanhar e etc e depois continuar batendo, porque no 4 o rank é baseado em estilo e variedade e no DmC só no dano. Se você usa Demon Evade + Stinger é SS ou SSS logo de cara, sem a MENOR tentativa do jogador de querer inovar o combo, e basta repetir que o jogo demora muito pra descontar o rank por repetição.

Segura meu soco de 3D&T: SOCO DE ARSENAL!!!!!!!!

A verdade é que o 4 é um DMC3 mais justo, é mais tranquilo de jogar, tem mais espaço pra movimentações e mirabolâncias de combos porém ele não é um passeio no parque por conta disso. O 3 realmente é difícil demais e pode assustar jogadores recém chegado.  Aconteceu comigo inclusive. Então o 4 mesmo com o Devil Arm super roubado do Nero, ele acaba sendo mais justo porque TUDO do Dante no DmC é terrivelmente sem balanço. Você ta jogando o 4 no Normal, bota no Hard e o Devil Arm do Nero de repente vira "mais uma arma" enquanto no DmC não importa a dificuldade (eu to falando das decentes, não de brincadeiras como Heaven and Hell) ele sempre será fácil tanto por questão de tudo do Dante ser overpower como pela IA de merda do jogo ou pelo método de ranking.

Sério, a IA do DmC é de longe o maior problema técnico dele ao lado do Demon Evade + Devil Trigger. Porque mesmo nos desafios mais altos como Dante Must Die, os inimigos ficam parados e levantam a arma e só depois atacam, mudando quase nada a agressividade deles.

Ou seja, os inimigos são naturalmente lentos e basicamente só muda o dano. No DMC3 e DMC4 os inimigos normais até golpes novos ganham, e o mesmo vale pros chefes. Caso você ache que eu estou exagerando, peço 5 minutinhos da sua atenção pra assistir esse vídeo:



DmC tem suas boas ideia de mecânicas principalmente levando em conta a troca de armas em tempo real, mas ele falha justamente no resto. O balanço é inapropriado, tudo é forte demais ou pelo menos tem danos consideráveis e pegando tudo em sua volta como as duas armas angelicais ou pega em um inimigo com tanta força que tira a graça do combate como as armas demoníacas. Em hack'n'slashes você não pode ser forte demais, tira a graça de ficar ali tentando criar uma coisa legal.

O 4 como eu disse, é uma versão justa do 3,  mais equilibrada eu diria apesar de tudo pelo pacote geral, ele permite ao jogador avançado uma boa experiência e ao novato uma boa chance de começar sem se frustrar demais.

Conclusão:

DmC passou por mim, botei a rosa na boca e gritei: OLÉ!!!

Olha, de novo DmC perde e perde relativamente feio.

Por várias razões, a ambientação ser um forte de um jogo focado em mecânica é de doer os ovos... Tá errado Ninja Theory. Não é assim.

Não me importa se botaram o jogo fácil no Normal ou Easy, mas as dificuldades posteriores pelo menos tem que fazer valer no fator replay e não, é de novo, fácil.

Eu comecei a jogar o DmC direto no Nephilim (Hard) porque o Devil Hunter (Normal) tava ridículo de tão fácil, enquanto o 3 apesar de difícil no Normal, é um difícil adaptável e o 4 é um jogo totalmente justo mesmo com aquele braço imbecil de roubado do Nero.

E sim, as dificuldades posteriores valem o nome que recebem.

Ai você me pergunta:

"Por que perde feio?" 

Porque como eu disse acima, a ideia das mecânicas foram parcialmente inspiradas no DMC4, não tinha como errar, tava tudo PRONTO!

Mas não, a Ninja Theory conseguiu. Não quero desmerecer o DmC por completo, ele tem seus pontos fortes e sim pode valer uns 60 reais em consoles ou uns 20 no PC mas infelizmente não sai muito disso. A menos que você seja muito mas MUITO ruim, não vai sentir o menor desafio em qualquer dificuldade que jogue, porque jogar DmC no Sons of Sparda ou Dante Must Die é simplesmente ridículo e não se igualam sequer ao DMC3 ou DMC4 em praticamente nenhum ponto da parte mais importante que é a mecânica.

E digo mais, ao invés dessa bosta de Definitive Edition que é um port do PC com meia dúzia de coisa extra, poderiam ter apostado numa sequência direta apostando tudo, porque pelo menos estariam tentando algo novo, ao invés de reciclar a porra do "antigo". Como o DE já vendeu muito mal, e o DMC4 Special Edition promete vender por conta da expectativa que se acumulou até agora, é provável que DmC morra definitivamente e no máximo continue sendo o que sempre foi. Um jogo mediano que serve de jogatina entre um outro jogo bom e outro.

Se você for do tipo que não perde tempo com jogos medianos, no máximo vai terminar uma vez e encostar. Se você é como eu e fica indeciso e precisa de um jogo meia boca entre uma coisa daora e outra, talvez ele te atinja como um bom passatempozinho.

E o bom disso tudo, é que as vendas do DmC Definitive Edition vão render DMC5.