9 de setembro de 2015

Metal Gear Solid 4 - A Perfeição

Nada disso, você não leu errado.

Andei falando bastante de Metal Gear Solid, falei do primeiro, do segundo e do terceiro e até mesmo do Rising agora chegou a vez de falar daquele que chamam carinhosamente de MGS4.


Tudo começou quando esse seria o último Metal Gear do Kojima, ele decidiu que enterraria de vez a série mas como sempre, não faria feio.

O que podíamos esperar da conclusão da série?

Coisas "básicas" como mostrar todos os personagens vivos importantes, elaborar uma excelente narrativa e de quebra amarrar todas as pontas soltas e esclarecer tudo que é relacionado à Metal Gear Solid e sempre te deixou com a famosa pulga atrás da orelha.

Coisa pouca. Realmente parece simples.

Mas Kojima e a sua mente que não canso de chamar de brilhante, funcionaram de tal maneira que quase me deixou em estado de choque.

Eu confesso, vi e li muitas coisas sobre MGS4 antes da hora, não cheguei a tomar spoilers mas eu via a opinião bem dividida tipo em MGS2, e pude notar que havia muita coisa que eu não conseguia concordar, tipo pessoas que dizem que "MGS4 só existe pra consertar os erros do MGS2".

Sério, eu não conseguia compreender o que aquilo era, mas depois de jogar MGS2 e perceber o quanto ele é um jogo de difícil entendimento eu pude ver que sim, tinha muita coisa errada nessa frase.

Falando francamente, eu amei MGS3 mas não consigo imaginar ele sendo 100% superior porque a narrativa ficou mais simplista, não ruim, porém não há mais aquela coisa de pensar e entender até chegar numa conclusão, a do 1 e 3 são extremamente fáceis de perceber o que ta rolando somente por leitura, gosto de ter aquele gostinho de ficar mastigando a ideia no meu cérebro até chegar numa conclusão. E em MGS2 isso acontece bem e olha que tiveram recursos limitados pras cenas e por isso gerou aquele caminhão de CODEC's que me recuso a ver como ponto fraco.

Na verdade, usaram a parte mais importante da história pra passar as melhores mensagens do jogo. Principalmente o CODEC final, que é BRILHANTE!

Então, minha pulga que antes era uma preocupação, se tornou uma fonte de tranquilidade, eu sabia que tinha coisa boa demais em MGS4, tanto é que eu mal comecei o jogo, vi aquele Snake fumante enquanto a instalação de quase 3 dias rolava (peguei a versão final que não instala a cada capítulo, amém) e logo assim que começa o jogo em pleno menu de New Game, dou de cara com esse som e essa imagem:


Mal tinha começado o jogo e já tava em estado de choque, eu não sabia o que pensar ou fazer, só deixei rolar por causa do som e me deparo com isso. Antes dele disparar a cena corta e passa a apresentação do game.

DAMMIT! Me deixou curioso com SEGUNDOS. Maldito Kojima!!!

Então comecei o game tomando uma super surra dos soldados normais mesmo recém saído do MGS3 e precisei voltar pro Menu e ir pro Breathing entender como funciona a mecânica nova por tutoriais porque no peito não deu certo.

E tipo, demorei quase meia hora pra ver tudo, os comandos do 1 pro 2 aumentaram um pouco, do 3 pro 2 aumentou pra caralho e do 4 pro 3 quase triplicou. Você pode fazer tanta coisa em MGS4 que seria necessário um doutorado em Metal Gear pra usar tudo, eu particularmente não consegui usar a metade dos recursos, tinha alguns bem criativos como usar armas com CQC mas ao invés do tradicional joga pro chão, ele chegava perto do seu "carinhoso" inimigo e dava um golpe pra desarmar ele, com isso ele ficava com as mãos pra cima com medo.

Simplesmente foda. Seria uma pena se eu não conseguisse usar em TODO o jogo de tão ruim que sou.

Sinceramente, eu me frustrei tentando aprender mas como sempre, Metal Gear Solid não te "obriga" a jogar de forma perfeita, o que é bom visto um game tão complexo, eu ia no basicão usando arma tranquilizante e dando pipocos quando necessário, verdade seja dita tanto a proporção do enredo quanto uma possível tentativa de atrair novos jogadores resultou em mecânicas atualizadas pra padrões de shooters  e mesmo não sendo um shooter ele tem momentos de um, tipo daqueles "limpe a área".

"Passa tudo ou atiro no seu saco"

Mas acredite se quiser, não é cansativo, souberam dosar tudo isso e mostraram um equilíbrio monstruoso na variação das fases de forma que não enjoa, na verdade é bem divertido e ainda tem cenas como da moto ao lado pra relembrar uma cena de MGS3, invasões noturnas, perseguições, buscas, revelações, mistérios e etc. Tudo que você pensou que era X em MGS4 se mostra não somente um "Y" mas sim uma verdadeira equação matemática sobre o enredo da série.

Dessa vez controlamos Old Snake, sim, o bom e velho Solid Snake do 1 e do começo do 2, se passaram poucos anos depois de MGS2, cinco no total e de repente vemos um cara velho, decrepito, semi-morto e com aparência de seus 70 anos lembrando vagamente Antônio Fagundes em seu bigodão. Como nós já sabemos, Snake é um clone de Big Boss, e tudo nos remete à aquela velha ideia clichê do clone sofrer envelhecimento acelerado, tanto é que Liquid queria parte disso em seus planos em MGS1, não é mesmo?

ERRADO! hahahahahahahahahahahaha

Sério, tudo que eu pensei e poderia ser em MGS4 me enganou, absolutamente tudo. Quer outro exemplo? Todos os chefes são "homenagens" aos chefes do 1, lembrando por exemplo em alguns casos como Crying Wolf, lembrando Sniper Wolf. Você pensou que ia ser uma batalha igualzinha de sniper só porque teve nome parecido?

Errado de novo!

Pensou que Liquid estaria morto de vez, sendo que agora Ocelot se mostra Liquid Ocelot e acha que o braço dele "possuiu" o corpo do velhote?

ERRADO DE NOVO!



Tudo em MGS4 é surpresa, é incrível como eles mostram vários e vários momentos onde o jogador tem pistas óbvias demais pra quem conhece a série, tem noções totais de que não pode ser outra coisa e mais rápido que a subida da inflação do Brasil uma surpresa te pega e te joga no chão, te deixando sem reação, com a boca aberta e pensando:

"- Meu deus, que diabos vai acontecer agora?"

É de muito longe a pergunta que eu mais me fiz durante toda a jogatina, eu não conseguia entender a proporção de tudo, o que poderia acontecer, como tudo poderia se ligar, o que diabos poderia acontecer. Mas acredite, tudo me fez cair o queixo, há muito tempo eu não ficava tão surpreso. Todo o passo pra trás que eu reclamei da narrativa de MGS3 voltava em MGS4, apesar de menos mirabolante e complexo que MGS2, foi mais surpreendente. Eu fiquei mais entusiasmado pelo enredo e ficava simplesmente louco, quase sem dormir novamente pensando no que diabos ia acontecer, tudo me pegava de muita surpresa.

Melhor eu parar por aqui, antes que inevitavelmente eu dê algum spoiler, mas é simplesmente extraordinário o trabalho que fizeram, tal como a parte gráfica que nem preciso falar que ficou soberba, né?  Tanto que em várias cenas a transição é imediata, a cena já vira o gameplay, mostra a HUD na tela e você sai jogando.

Confesso que em pleno 2015 não impressiona muita gente mas pra 2008 com toda certeza foi impactante. Numa época onde as quedas de FPS não eram problemas gigantescos, e MGS4 tem quedas assim sobrando. Uma curiosidade sobre isso é que Kojima usou isso a favor dele no Act 1 quando teve as paradas do terremoto e tals, isso é um problema da arquitetura do PS3 que o Kojima simplesmente conseguiu usar a favor dele.

Sério, o cara manja. Não há como negar.

Mas o enredo é bom, Liquid Ocelot se mostra novamente uma ameaça e quem precisa combatê-lo? Óbvio que Old Snake, novo apelido carinhoso de Solid Snake. O problema é que dessa vez eu não consigo dizer nada além disso, porque assim que começamos o jogo já vem descoberta atrás de descoberta, mas se a sua preocupação é o enredo, já é algo que deveria estar tranquilo.

Tal como eu estou pro Phantom Pain. Eu sei que vem coisa boa, então nem ao menos me preocupo.


Primeiro de tudo, não faça a cagada de jogar MGS4 antes de pelo menos terminar os 3 principais numerados da franquia.

Muita mas MUITA coisa te aguarda jogando, é tanta coisa em tão pouco tempo (20 horas, caso você ache pouco), que até assusta, é muita informação e conteúdo bom em pouco espaço de tempo, tudo associado à músicas incríveis que eu simplesmente não consegui jogar sem um fone pra apreciar cada mísero ruído do jogo.


Falando sério, é incrível, vocês podem até achar que eu exagerei mas não, é sinistramente bem feita a parte sonora do game em todos os campos, mas não mais que das cutscenes, usando e abusando de cada milímetro do bluray criando cenas bem feitas e gigantes como de costume com muita coisa daora incluindo cenas que simplesmente assustam, muito drama, emoção, tiro pra lá e pra cá e muita filosofia aplicada em conceitos tão geniais que eu fiquei simplesmente embasbacado com o decorrer do jogo e principalmente pelo desfecho.

Uma coisa bem daora é a perspectiva que ganhamos em alguns momentos dividindo a tela em duas, em especial pra parte que temos a ajuda de Raiden enquanto ele faz um acerto de contas, não podemos atrapalhar a luta do rapaz, então ajudamos ele da maneira mais legal possível.


Atirando em tudo que se mexe na direção da luta dele, enquanto o assistimos o quebra pau desenfreado. Raiden por sinal rouba boa parte da cena, aparecendo badass de maneira tão inacreditável que eu até achei que era exagero o jeitão dele no Rising, mas o pior que no MGS4 ele já era assim. E o mais legal dessa cena é que logo depois bem... É o final do Act 4 e quem jogou sabe EXATAMENTE do tempo que demoramos pra ter esse sonho realizado. Afinal, quem não queria jogar com ele?

Peço que não clique na imagem que deixei o link caso você ainda não tenha jogado.

Eu avisei pra não clicar, lembra? Se fodeu.

Mas achou pouco? Que tal uma missão em Shadow Moses? Que tal milhões de easter eggs aos jogos anteriores? Que tal o retorno de muitos dos personagens que há tempos não apareciam tipo Meryl?

Pois é, e eu falei pouco. Bem pouco.


Dentre as mais incríveis cenas do jogo, a melhor é provavelmente no topo de Outer Haven, ouvindo aquelas músicas, daquele jeito, com aquela HUD mudando... Simplesmente dá pra chorar, literalmente. Não foi o meu caso, mas eu entendo. Compreender a natureza do sofrimento de Snake e tudo que aconteceu com ele, os eventos finais dele rastejando e ver um final tão surpreendente quanto aquele.

Não tem como não se emocionar, nem que seja por dentro, você olha e fica pasmo, totalmente numa mistura de tristeza por ter chegado ao fim e felicidade de ter testemunhado tudo aquilo do início até o final. Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots por conta da carga emocional tão alta foi de longe o que mais me conquistou e o jogo que tenho como favorito da franquia e de longe o melhor exclusivo do PS3.